quarta-feira, 11 de abril de 2012

Test-Ride Dafra Next 250

Next 250: piloto encaixa bem na moto e isso oferece muita segurança ao piloto em qualquer situação
Uma velha campanha publicitária de calça jeans dizia: “Liberdade é uma calça velha azul e desbotada”. Ela fazia evidente menção ao conforto que é vestir uma roupa que se ajusta ao seu corpo perfeitamente. Nas palavras do engenheiro de produto da Dafra, Gustavo Poletti, “…a Next 250 foi pensada nos mínimos detalhes para vestir bem no consumidor brasileiro.” O rápido teste que Motonline pode fazer na moto confirma as palavras de Poletti.

Após dar algumas voltas na Dafra Next 250 na novíssima pista do Penbay International Circuit, no Sul de Taiwan, e observar atentamente a moto em seus mínimos detalhes de construção, é possível dizer com segurança que a engenharia da Dafra e da SYM acertaram o ponto e conseguiram colocar os temperos nas medidas certas. A Next 250 tem na sua receita os ingredientes adequados para agradar ao consumidor do Brasil.

Dá pra perceber também que esse acerto é em função do foco que a Dafra colocou no projeto: juntar em uma moto os acertos das duas concorrentes: Yamaha Fazer 250 e Honda CB 300. O design da moto consegue ao mesmo tempo transmitir uma certa agressividade, mas sem perder a harmonia das formas. Apesar de muitos ângulos e cantos nas peças plásticas, o conjunto é agradável e segue tendência das mais modernas linhas para motos naked de cilindrada maior, como a Yamaha XJ-6 e a Kawasaki ER-6n. Como a Dafra mira a Fazer 250 e a CB 300, a Next agrada bastante com seu design peculiar e que lhe confere personalidade própria.

A observação da moto mais de perto permite perceber um grande cuidado com o acabamento e a qualidade dos componentes. “Não podemos ficar atrás das concorrentes”, falou Creso Franco na apresentação da moto durante o teste na pista. “Tudo na moto – inclusive o nome – foi pensado para atrair também os clientes de todas as outras marcas concorrentes para que a sua próxima moto seja a Dafra Next 250″, justificou Franco, referindo-se ao segundo passo de quem tem motos na faixa inicial de 125 a 150 cc. Um detalhe que chamou muito a atenção foi a ficha técnica completíssima distribuída pela Dafra que traz também alguns dados de desempenho (veja abaixo). “Tudo para reforçar nosso cuidado para chegar a um produto final que o consumidor brasileiro procura”, como falou Franco.
Escapamento em aço inox e lanterna em led destacam a traseira da Next 250
Nas voltas percorridas com a Next 250 pelos 3.527 metros da pista do Penbay International Circuit, a moto se mostrou ao mesmo tempo forte e dócil. Forte pelas respostas sempre imediatas ao menor giro do acelerador, uma indicação de que o sistema de injeção eletrônica Keihin está bem ajustado e que o conjunto motor e câmbio está adequado. A aceleração é progressiva e os 25 cv aparecem transparentes enquanto a velocidade e a rotação sobem sem sustos, com o torque sempre disponível acima das 6.000 rpm. A decisão de adotar uma caixa de marchas com seis velocidades se mostrou adequada, pois encurtou um pouco todas as marchas e distribuiu a faixa de torque de forma mais equilibrada.
Painel: além dos indicadores de praxe, voltímetro, alerta de descanso lateral abaixado e aviso para troca de óleo
Na única reta da pista, com pouco mais de 500 metros, mantendo a rotação sempre acima dos 7.000 rpm, o motor “encheu” rapidamente em todas as marchas e chegou ao limite na faixa de 9.000 rpm ainda em quinta marcha com o velocímetro digital marcando 118 km/h. Ou seja, descontando um possível erro de velocímetro próximo dos 10%, padrão para as motos desta classe, a sexta marcha leva a moto com folga a mais de 120 km/h de velocidade real. A Dafra declara que a velocidade máxima medida foi de 124,5 km/h.

A Next 250 tem na ciclística um de seus destaques, sobretudo para rodar nas ruas do Brasil, cheias de buracos e imperfeições. “Fizemos ajustes nas suspensões, na posição das pedaleiras e do guidão e na calibragem do motor e da injeção para adequar-se ao combustível brasileiro”, informou o engenheiro Poletti. Ou seja, bastou apenas uma volta com a SYM T2, a Next 250 na versão taiwanesa, para perceber que a moto brasileira oferece mais conforto, com as suspensões mais macias, as pedaleiras mais avançadas e o guidão mais alto.
Ajuste no manete de freio: luxo de motos maiores
“Enrolando o cabo” na pista ficou evidente que a versão taiwanesa se sai melhor nas curvas pois ela é mais “pró”. Mas isso é na pista, condições que dificilmente o consumidor brasileiro encontrará. ”O motociclista brasileiro fica muito mais tempo sobre a moto e roda em pisos bem ruins comparados com outros países da Ásia e da Europa. Por isso decidimos privilegiar o conforto”, explicou Poletti. De fato, a perda se dá apenas no acerto ciclístico para pista. De resto, as motos são iguais.

O peso da moto (173 kg) não se faz sentir. A moto obedece a qualquer pedido de mudança de direção sem o menor esforço e seu equilíbrio e ergonomia destacam-se. O piloto encaixa perfeitamente na moto e o banco bipartido em dois níveis ajuda bastante neste encaixe. O freio traseiro se mostrou um pouco sensível, mas é necessário descontar as freadas fortes em condições de pista, quando a traseira fica leve e a roda traseira tende a travar com mais facilidade. O freio dianteiro é adequado ao modelo, com disco simples e duplo pistão.

Design segue tendência de motos naked maiores
Algumas soluções adotadas para a moto reforçam o que foi falado pelos executivos da empresa relativo ao cuidado com o acabamento. O botão para ajuste em 4 posições da folga do manete de freio, o spoiler sob o motor, a alça traseira pintada na cor da moto, o cilindro do motor revestido em cerâmica, a lanterna traseira em led, o grande escapamento em aço inox e as rodas com design tridimensional são itens que mostram esse cuidado.

Esse mesmo cuidado foi adotado no design da parte dianteira da moto. O farol em formato piramidal é envolvido por uma moldura em preto fosco. Acima há um pequeno defletor que protege o painel, que também segue a tendência com múltiplas formas num único conjunto. O conta-giros analógico é redondo e contém um pequeno mostrador digital com o indicador de marchas e de nível de combustível. À direita há outro mostrador digital com velocímetro, relógio, indicador de tensão da bateria, odômetro total e parcial. Nas duas extremidades estão as luzes espia de setas direcionais, farol alto, cavalete lateral, gerenciamento de EFI, neutro, temperatura do motor e um utilíssimo alerta para troca de óleo do motor.

Para o consumidor brasileiro, a chegada da Dafra Next 250 é excelente. O preço é competitivo, a moto mostra qualidades para competir em desempenho até com vantagens, o design é moderno e ela traz itens de tecnologia que não deixam nada a dever. No entanto, a Dafra ainda paga o preço da má impressão deixada pelos primeiros modelos de motos vendidos no Brasil, quando a qualidade era ruim e o serviço deixava muito a desejar.
Nota-se com clareza que os produtos melhoraram muito – a Next 250 talvez seja o exemplo mais bem acabado disso – e o atendimento de pós-venda e de peças também evoluiu. Mas a primeira impressão ainda é forte e a desconfiança do consumidor brasileiro ainda levará algum tempo para ser dissipada. Enquanto isso, a marca do grupo Itavema vai fazendo a lição de casa e vai marcando pontos positivos. Mas ela sabe que não é só com bons produtos que se (re)constrói uma marca.


FONTE: http://www.motonline.com.br/test-ride-dafra-next-250/

Nenhum comentário:

Postar um comentário